Alicia Gallotti
Kama Sutra XXX
as práticas sexuais mais inconfessáveis
tradução
Márcia Frazão
temas de hoje
Copyright © Alicia Gallotti, 2006
Título original: Kama-sutra XXX — Goza con las prácticas sexuales más inconfesables
Preparação: Ronaldo Periassu
Revisão: José Muniz Jr.
Diagramação: Renata Milan
Capa: Gustavo Abumrad
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gallotti, Alicia
Kama sutra XXX : as práticas sexuais mais inconfessáveis / Alicia Gallotti ; tradução Márcia Frazão. — São Paulo : Editora Planeta do Brasil, 2007.
Título original: Kama sutra XXX : goza con las prácticas sexuales más inconfesables
ISBN 978-85-7665-316-5
1. Amor 2. Arte erótica — índia 3. Intercurso sexual 4. Literatura erótica — India 5. Sexo I. Título.
07-5857 CDD-613.96
Índices para catálogo sistemático:
1. Kama Sutra : Técnicas sexuais 613.96
2007
Todos os direitos desta edição reservados à
Editora Planeta do Brasil Ltda.
Avenida Francisco Matarazzo, 1500 — 3º andar — conj. 32B
Edifício New York
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vendas@editoraplaneta.com.br
Contracapa:
Original e atrevido, provocativo e direto, Kama Sutra XXX desvenda o lado oculto do sexo e da mente. Você descobrirá jogos e condutas que o levarão a se excitar só de olhar, a unir dor e prazer, a submeter-se e dominar, a se disfarçar para desejar e a querer mais de dois na cama... Essas são algumas das variantes sexuais até agora inconfessáveis, e que este livro revela com detalhes, histórias reais e ilustrações explícitas.
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Índice
INTRODUÇÃO
PSICOLOGIA DO SEXO
Os filhos da repressão
Sempre há um lado positivo
A descoberta nasce da comunicação
DESFRUTAR, OLHANDO
O despertar sexual entra pelos olhos
Olhar e ser olhado, eis a questão
O erotismo, mais fantasia que beleza
O tesão de olhar também se provoca
Os espelhos devolvem o olhar
MAIS DE DOIS
Menu à la carte para o sexo múltiplo
A intimidade prazerosa com desconhecidos
Dois mais um é sempre igual a três
O excitante encanto da troca
Jogos de adultos sem culpas e sem preconceitos
DOCE PRISÃO
Da crueldade oriental à sofisticação erótica
Amarraduras para gozar de maneira suave ou intensa
O jogo é estar atado e bem atado
O limite do prazer é a segurança
GOZAR, MOSTRANDO-SE
Sobre ritos, oferendas e outros jogos mais espontâneos
Primeiro se gostar, depois se mostrar
Com roupa ou sem roupa, a questão é exibir-se
Os cenários para mostrar-se são insondáveis
DOR E PRAZER
A adrenalina e as técnicas orientais
Sade, o precursor das palmadas
Diferentes açoites e mordidas
JOGO DE PAPÉIS
O estímulo se acha na pele do personagem
Os amantes preferem disfarces com alma erótica
Diga-me como te vestes e te direi o que desejas
Fantasias, esses filmes da imaginação
Um caminho de sensações encontradas
Os desejos ocultados se transformam em argumentos
SEXO ÀS CEGAS
O temor é a semente do prazer
Fronteiras e liberdades para gozar nas sombras
Sensações que transportam para o desconhecido
Os segredos sensuais da penumbra
QUEM MANDA É O PRAZER
Ordens e subjugação com limites
Para os que mandam, para os que obedecem
Amantes de domínio público
OBJETOS DO DESEJO
Uma longa via até o desejo
Os aparatos que fazem gozar
Peitos, bundas e outras fixações
O discreto encanto dos pés
SEXO ANAL
Contra os medos, delicadeza e informação
A chave: limpo por fora e limpo por dentro
A delicada questão da penetração
Introdução
O
sexo reprodutivo, monogâmico e controlado, onde o homem é aquele que procura e a mulher a que recebe, é um modelo imposto por uma cultura rançosa e conservadora cuja influência nos persegue. Todas as práticas que se afastam do coito são estigmatizadas. São perversões pecaminosas malvistas pelo contexto. A mensagem é clara: só vale o que é aceito socialmente. Os outros jogos sexuais ocultam-se atrás da cortina sombria do inconfessável: não só existe o temor de realizá-los como também de falar a respeito.
São esses os resultados de uma sexualidade amordaçada pelos tabus sociais, onde não está prevista a busca do prazer pelo prazer; onde ninguém pode se perguntar o que realmente deseja e por que não pode fazê-lo; onde o medo de ser julgado pelos outros funciona como uma inibição paralisante. Em suma, uma ideologia sexual castradora em que prevalece a idéia de culpa como freio do desejo.
O sexo se nutre da busca de sensações prazerosas em liberdade. Assim, todas as práticas apresentadas neste livro se realizam por meio de uma relação harmônica, respeitosa e sem obsessões, e não são mais que formas lúdicas para desfrutar a sexualidade. Existe aquele que gosta de olhar e o que gosta de se mostrar; há os que se encantam em fazer o jogo de submeter o outro e os que gozam quando são reduzidos à submissão; muitos fazem do ânus o centro do prazer e outros sentem crescer a paixão adorando um objeto; há ainda os que sublimam o gozo no sexo grupal e os que intensificam o desejo interpretando papéis distintos de sua personalidade. São fórmulas para buscar a excitação que dá ensejo ao gozo.
Seja como for, essas práticas sexuais não são novas nem foram descobertas recentemente: o Kama Sutra original já fazia menção a elas, e muitas pessoas que colaboraram descrevendo suas preferências sexuais relataram muitas das práticas compendiadas neste livro. Trata-se, então, de resgatá-las do mundo opaco do inconfessável, trazendo-lhes à luz e dando-lhes legitimidade; acreditar com firmeza que se trata de uma rica variedade de opções para desfrutar que não merecem ficar nos rincões da imaginação.
Não por acaso, nessas páginas não se fala de perversões nem de desvios, ou de práticas qualificadas como voyeurismo, exibicionismo ou com outros rótulos que indicam conflitos de conduta e possuem uma carga negativa. Por isso, com uma piscadela de cumplicidade ao leitor, preferimos chamá-las de práticas inconfessáveis. Afinal, a intenção é que todos possam continuar incorporando os seus papéis sexuais apenas como um jogo para estimular a libido sem limites.
Quero agradecer afetuosamente a colaboração do psicólogo Rafael Ruiz, pois sua orientação e suas reflexões precisas tornaram este livro possível.
Psicologia do sexo
T
rês instintos básicos dirigem a conduta das pessoas: o de conservação, que ajuda a manter a vida; o social, que facilita o relacionamento com outros seres, e o sexual, que assegura a preservação da espécie. Os dois primeiros são aceitos com unanimidade por todos os Grupos sociais como necessidades vitais. Sobre o terceiro pairam dúvidas. E dúvidas que geram medo. E esses medos trazem repressão. Em síntese, é esse então o fio condutor da influência social sobre a vida sexual das pessoas.
São enormes as diferenças de percepção da sexualidade entre os muitos clãs, tribos, sociedades e nações que hoje constituem o planeta. Contudo, salvo poucos grupos que vivem quase totalmente isolados nas selvas amazônicas ou de Papua Nova Guiné, o comportamento sexual humano encontra-se sob os desígnios dogmáticos da moral religiosa ou sofre sua influência. Mais além do instinto natural transmitido geneticamente, a influência do contexto acaba modificando, desviando essas normas naturais a fim de reprimi-las. E é a moral que infunde regras sustentadas pelo medo, pelo conservadorismo e pelos castigos; ela penetra na mente e desenvolve dezenas de barreiras, desde o início da vida até a maturidade.
Desde o nascimento os valores sexuais são inculcados com mensagens sutis na mente das crianças. Em geral, esse tipo de informação é negativo: não toque aí em você; vire pra lá e não olhe, não diga isso... Nessa primeira fase de formação da personalidade, o sexo aparece como um tema opaco, como se fosse um buraco negro que exerce grande atração mas pode ser visto. Os adultos falam com sigilo e com meias palavras, achando que a criança não entende. E se a criança pergunta alguma coisa, os adultos só fazem aumentar a fábula do mistério: replicam com um balbucio incoerente, transferem a resposta para quando ela for maior ou repreendem com severidade "tamanho atrevimento", como se não fosse bom falar disso. Essa variedade de castrações vai desde a mentira ou a evasiva até o castigo. Nesse clima de obscurantismo, a sexualidade começa a flertar com o proibido. E o proibido se transforma no desejado, ainda mais se é impulsionado por um instinto básico, um instinto natural que, na puberdade, começa a se articular com respostas físicas notórias. Pleno de energia sexual e sem saber o que fazer com ela, o adolescente termina enchendo a mente de contradições. Assim, o sexo proibido e misterioso se vê numa luta aberta com a força natural do desejo transbordante. O adolescente assume essa cachoeira de sensações com dissimulação e culpa porque pensa que o seu apetite sexual é inadequado: a contundente educação repressiva e as mensagens que lhe são transmitidas pelo ambiente repetem seguidamente que ele não deve realizar aquilo que sente, e que, se o fizer, não deve falar. A repressão tem, então, a hipocrisia como última aliada. Com esses valores constrói-se uma sexualidade incompleta, e isso provoca uma satisfação irregular e escassa. Com uma visão tão estreita da sexualidade, é preciso superar inúmeros obstáculos e se desprender dos princípios das doutrinas repressoras para poder evoluir. E logo, vencer o medo da liberdade de escolha e permitir a si mesmo dar e receber prazer sem levar em conta as inibições.
"O proibido se transforma no desejado, ainda mais se é impulsionado por um instinto básico".
O lado negativo são as forças repressivas do ambiente que contribuem para formar a personalidade. Mas a mente da criança e do jovem, que mais tarde será um adulto sexualmente maduro, também passa por experiências e pressões que marcam sua vida sexual futura e lhe permitem descobrir as sensações gozosas, as diferentes intensidades do prazer. Assim, ele começa a orientar seus gostos e suas preferências sexuais. Quanto maior é a liberdade de eleição e de experimentação, maiores são as possibilidades de modelar uma sexualidade livre de preconceitos. Viver a sexualidade de maneira sadia a partir dessas premissas implica em se permitir trocar e variar de jogos eróticos, sem que isso resulte sempre em uma prova traumática que obrigue a um processo interior para superar essa barreira de contenção. É algo mais espontâneo e livre. Em algumas fases, o que mais estimula é olhar; em outras, o desejo é se deixar levar pelas sensações da submissão; em outras, ao contrário, o que mais apetece é mostrar o corpo desnudo, exibir-se sem pudor, ou ver filmes eróticos para atingir o limite da excitação. Tudo depende, então, da situação e do estado de ânimo.
As práticas explicadas neste livro são cotidianas e muito mais próximas do que opressão tenta fazer parecer. Mesmo na intimidade mais profunda, aquela que não se confessa e da qual às vezes nem se tem consciência, porque só é sentida, todos já experimentamos satisfação em situações que consideramos marginais: ...
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